A GÊNESE

Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo

Allan Kardec

(Nota: Os primeiros 17 tópícos foram resumidos para evitar o cansaço da leitura muito explicada)

1 –

Revelar significa tirar o véu. Figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

Assim pode-se dizer que todas as ciências que nos fazem conhecer os mistérios da Natureza são revelações e isto ocorre incessantemente.

2-

Podemos dizer que Copérnico, Galiceu, Newton, Laplace, Lavosier etc... foram reveladores.

3 –

A característica principal de qualquer revelação é a verdade.

4-

O papel de um professor diante de seus alunos é o de um revelador.

O professor lhes ensina o que eles não sabem o que não teriam tempo, nem possibilidade de descobrir por si mesmos, porque a Ciência é obra coletiva dos séculos e de uma multidão de homens que trazem, cada qual, o seu contingente de observações aproveitáveis àqueles que vêm depois.

5 –

É importante observar que o professor é um revelador de 2ª ordem; o homem de gênio ensina o que descobriu por si mesmo; é o revelador primitivo.

Mas os homens de gênio são espíritos com mais vivência, mais velhos, que por isso adquiriu e progrediu mais e por isso estão mais adiantados.  

Os homens progridem incontestavelmente por si mesmo e pelos esforços da sua inteligência mas, se não tivesse o auxílio dos mais adiantados progrediria muito lentamente.

6-

Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais do progresso.

  7-

No sentido especial das revelações da fé religiosa, Deus envia seus mensageiros que quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração através de criaturas as quais se classificam como; profetas, enviados, missionários ou messias (ungidos). Como messias, neste planeta só temos um; Jesus!

8-

Todas religiões tiveram seus reveladores o que não quer dizer que eles conheciam toda a verdade a não ser o Cristo de Deus que alcançou a unidade com o Criador.

Dia virá em que todas as crenças tão divididas na forma, mas que repousam sobre um mesmo princípio fundamental – Deus e a imortalidade da alma, -- se fundirão numa grande e vasta unidade, (formando o Rebanho Único predito pelo próprio Cristo: como está no Evangelho de Jesus segundo João Cap. XX, Vs. 16 “...e haverá um só rebanho e um só pastor.”) logo que a razão triunfe dos preconceitos.

9-

É exato dizer que “quase” todos os reveladores são médiuns inspirados, audientes ou videntes. Contudo não se pode concluir que todos os médiuns sejam reveladores, nem intermediários direto de Deus ou de seus mensageiros.

 10 –

Só os espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de transmiti-la.

Nem todos os médiuns são perfeitos e por isso o Apóstolo, Discípulo de Jesus e Profeta João Evangelista escreveu em sua 1ª Epístola Cap. IV Vs. 1: “ ...., não deis crédito a qualquer espírito: antes provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas(médiuns) têm saído pelo mundo a fora.

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade.

Das leis trazidas por Moisés apenas o Decálogo ficou sempre de pé como farol da Humanidade e o Cristo reforçou sua base dando um Novo Mandamento como está no Seu Evangelho segundo João Cap. XIII, Vs. 34:”Um Novo Mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei a vós, que também vos ameis uns aos outros”. Este Mandamento é o Amor dado exemplo pelo próprio Cristo. Diferente do amor do Velho Testamento, com está no Livro Levítico Cap. XIX Vs. 18 “ ...mas amarás o teu próximo como a ti mesmo...” Este é o amor em um estágio inferior ao Amor exemplificado pelo Cristo. O Amor exemplificado pelo Cristo é o Amor Incondicional.

11-

Esta comunicação provocada compulsoriamente pelo mundo espiritual que tem aumentado largamente desde a codificação cresce concomitante as revelações que se opera a cada dia.

Aqueles que se dedicam a estudar as suas leis e vivê-las com o respeito necessário logram o amparo dos espíritos dos mundos superiores.

Esta dedicação levará aqueles que agirem com honradez a serem cotados entre os que se candidatam a nova era ,isto é, a permanecer e continuar neste orbe o caminho da evolução previsto no apocalipse.

12-

A grande revelação do espiritismo foi apresentar as leis que regem as relações do mundo material com o mundo espiritual e assim preparar as criaturas com o destino dessas após a morte: Isto é, descaracterizar o sentido sombrio e doloroso da perda de entes queridos ou mesmo, o medo do futuro.

13-

A revelação espírita em seu duplo caráter vem unir o conhecimento material, científico com o conhecimento das leis espirituais, esclarecendo os ditos milagres, provando que as leis espirituais estão perfeitamente acordada com as revelações científicas.

14-

O mesmo método de comprovação utilizado pela ciência espiritual é o mesmo utilizado pelas ciências positivas: o método experimental.

Fica comprovado então que o espiritismo é uma ciência de observação dos fatos e não um produto da imaginação.

15-

Inúmeros exemplos de casos semelhantes já foram comprovados nesses estudos experimentais, apontando a recorrência em variados casos semelhantes, o que autentica os fatos comprovando a autenticidade da comprovação.

16-

O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acham na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação.

 17-

Mesmo as Ciências; Astronomia, Matemática, Física, Química, Anatomia, Fisiologia, Zoologia etc....todas se completam e só se tornam Ciências sérias com o auxílio uma das outras. Certamente a Ciência Espiritual faz parte desse encadeamento de conhecimentos o que faz seu entendimento ser alcançado no momento em que o nível de conhecimento das outras Ciências chegam em momento que torna capaz o seu entendimento.

18-

A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento (A palavra elemento não é empregada aqui no sentido de corpo simples, elementar, de moléculas primitivas, mas no de parte constitutiva de um todo. Neste sentido, pode dizer-se que o elemento espiritual tem parte ativa na economia do Universo, como se diz que o elemento civil e o elemento militar figuram no cálculo de uma população; que o elemento religioso entra na educação; ou que na Argélia existem o elemento árabe e o elemento europeu.)gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princípio espiritual.

O Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação.

Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual.

Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza.

Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis.

O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.

19-

Acusam-no de parentesco com a magia e a feitiçaria; porém, esquecem que a Astronomia tem por irmã mais velha a Astrologia judiciária, ainda não muito distante de nós; que a Química é filha da Alquimia, com a qual nenhum homem sensato ousaria hoje ocupar-se.

Ninguém nega, entretanto, que na Astrologia e na Alquimia estivesse o gérmen das verdades de que saíram as ciências atuais.

Apesar das suas ridículas fórmulas, a Alquimia encaminhou a descoberta dos corpos simples e da lei das afinidades.

A Astrologia se apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara; mas, na ignorância das verdadeiras leis que regem o mecanismo do Universo, os astros eram, para o vulgo, seres misteriosos, aos quais a superstição atribuía uma influência moral e um sentido revelador.

Quando Galileu, Newton e Kepler tornaram conhecidas essas leis, quando o telescópio rasgou o véu e mergulhou nas profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os planetas apareceram como simples mundos semelhantes ao nosso e todo o castelo do maravilhoso desmoronou.

O mesmo se dá com o Espiritismo, relativamente à magia e à feitiçaria, que se apoiavam também na manifestação dos Espíritos, como a Astrologia no movimento dos astros; mas, ignorantes das leis que regem o mundo espiritual, misturavam, com essas relações, práticas e crenças ridículas, com as quais o moderno Espiritismo, fruto da experiência e da observação, acabou.

Certamente, a distância que separa o Espiritismo da magia e da feitiçaria é maior do que a que existe entre a Astronomia e a Astrologia, a Química e a Alquimia.

Confundi-las é provar que de nenhuma se sabe patavina.

20-

O simples fato de poder o homem comunicar-se com os seres do mundo espiritual traz consequências incalculáveis da mais alta gravidade; é todo um mundo novo que se nos revela e que tem tanto mais importância, quanto a ele hão de voltar todos os homens, sem exceção.

O conhecimento de tal fato não pode deixar de acarretar, generalizando-se, profunda modificação nos costumes, caráter, hábitos, assim como nas crenças que tão grande influência exerceu sobre as relações sociais.

É uma revolução completa a operar-se nas ideias, revolução tanto maior, tanto mais poderosa, quanto não se circunscreve a um povo, nem a uma casta, visto que atinge simultaneamente, pelo coração, todas as classes, todas as nacionalidades, todos os cultos.

Razão há, pois, para que o Espiritismo seja considerado a terceira das grandes revelações.

Vejamos em que essas revelações diferem e qual o laço que as liga entre si.


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